quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Síndrome da Futilidade

Síndrome da Futilidade
                                  João Fidélis de Campos Filho
       Ontem vi uma reportagem sobre Charles Chaplin que é tema de uma exposição que acontece atualmente no Instituto Tomie Ohtake em São Paulo. A história de Chaplin merece ser contada e repetida aos nossos jovens, numa época tão desprovida de valores humanos como a atual. A massificação das comunicações elevou à categoria de ídolos os lutadores de vale-tudo, os jogadores de futebol, os artistas das séries televisivas e as modelos magérrimas, entre outros da mesma cepa, que nada acrescentam em termos de progresso cultural.
       Chaplin nasceu numa família desestruturada e pobre, mas graças à tenacidade e ao talento tornou-se um dos mais respeitados nomes da história do cinema. Foi diretor, ator, músico de vários instrumentos e criador de um personagem universal, o Carlitos. Mas o que mais nos chama a atenção em sua trajetória foi sua luta pelos direitos humanos, seu engajamento em causas sociais e sua cruzada pela paz mundial. Poderia apenas usufruir da fama internacional e da fortuna que amealhou sem se envolver em nenhuma forma de ativismo, mas sua alma inquieta o empurrou a bater de frente com os poderosos. Não se conformava com as injustiças e com um sistema que discriminava as minorias e concentrava muita riqueza nas mãos de poucos. Em 1952 foi praticamente expulso dos EUA e a partir daí decidiu vender sua residência e não voltar mais a este país. Chaplin foi realmente um ícone da sétima arte que faz jus verdadeiramente à fama que conquistou.
       Hoje a mídia de grande impacto se especializou em divulgar toda a sorte de esquisitices como forma de atrair popularidade, como esta bobagem dita por este charlatão, Jesse Ventura, prevendo a destruição do planeta em 2012. Ventura teve a bem-aventurança de ser avisado diretamente por Deus que nele confiou este segredo para repassar aos mortais. Disse que o mundo chegou ao limite de perversão, ultrapassando Sodoma e Gomorra, que foram riscadas do mapa como punição pelo Criador.  Quem dá guarida à esta falácia inconseqüente destes falsos profetas de nossa era? Talvez os marginalizados pelo sistema concentrador de renda subdesenvolvimentista, que pouco tem acesso à educação de qualidade.
       A proliferação feito tiririca destes religiosos, que operam milagres nos rádios e TVs, reflete o poder das ideologias místicas infundadas sobre um povo psicologicamente necessitado destes bálsamos e ópios. Até quando este povo vai ser ludibriado por estes bezerros de ouro, estes deuses de barro e estes falsos ídolos?
       Glorifica-se muito em nossos dias o dinheiro e o sexo como se fossem a solução para os males mundanos. O culto ao hedonismo e ao sensorialismo ocupa o espaço que deveria pertencer ao lado racional do ser humano, e não por acaso alguns pensadores tem ressaltado que a humanidade está acometida da síndrome da futilidade. Por isso a juventude deveria se espelhar nestes grandes homens que com contribuíram para que gênero humano evoluísse neste planeta.
João Fidelis de Campos Filho-Cirurgião-Dentista