quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Energia do Pensamento


Energia do Pensamento
                                       João Fidélis de Campos Filho
        Imagine um mundo onde muitas das ações desenvolvidas pela energia elétrica sejam substituídas pela “energia do pensamento”. Não leitor, não digitei a frase errada. Esta e outras idéias avançadas estão presentes numa deliciosa obra de um cientista brasileiro pouco conhecido pela maioria da nossa população, mas que tem sido citado com freqüência entre os candidatos ao premio Nobel de medicina, pela comunidade cientifica internacional. Seu nome é Miguel Nicolelis e suas pesquisas na Universidade Duke (USA) têm surpreendido a todos no campo neurocientifico.
        Nestes últimos dias li com imenso prazer o livro “Muito Além de Nosso Eu”, enviado por um amigo com fartas recomendações. Foi uma obra lançada com muita expectativa na última FLIP (Festival Literário de Paraty), com a presença do autor que fez uma palestra sobre seus estudos do cérebro.
Nicolelis escreve de maneira acessível ao leitor não afeito aos termos científicos, apesar de tratar de teorias complexas sobre a atuação de cadeias de neurônios nas inúmeras ações que norteiam a vida humana. E seu estilo é cativante, prende a atenção e a curiosidade do leitor, por focalizar assuntos que realmente despertam o interesse de todos e os obriga a pensar de maneira inteligente e simples.
        Achei interessante como Nicolelis tentou demonstrar que os sentimentos produzem intempestivas alterações nas células corticais do cérebro e como as relações afetivas podem ocasionar mudanças positivas ou negativas de acordo com o curso dos acontecimentos da vida individual. No caso do amor, uma afeição mais forte e profunda, o autor afrima que as pesquisas comprovam que as mudanças cerebrais são de tamanha dimensão que se tornam difíceis de dissipar porque se tornam parte contínua do córtex. A imagem da pessoa amada se torna quase onipresente ou parte integrante do eu e dificilmente se esvai. Por isso a sabedoria popular diz que o amor de verdade nunca se esquece.
        Quanto à força do pensamento Nicolelis e sua equipe estão trabalhando incansavelmente para provar sua veracidade e freqüência nas ações mais comuns do dia-a-dia dos seres humanos. E prevê um uso consciente da força do pensamento na próxima década. Toda a energia que hoje a humanidade usa de forma instintiva ela usará de maneira racional daqui a algum tempo. Ele diz: “Nesse futuro, sentado na varanda de sua casa de praia, de frente para seu oceano favorito, você um dia poderá conversar com uma multidão, fisicamente localizada em qualquer parte do planeta, por meio de uma nova versão da internet (a “brainet”), sem a necessidade de digitar ou pronunciar uma única palavra. Nenhuma contração muscular envolvida. Somente através de seu pensamento”. Utilizando uma macaca, cujas atividades cerebrais estavam interligadas a um robô no Japão através de computadores, Nicolelis sugeriu que ela movesse os braços do robô para posições diferentes e ela obedecendo à ordem fez os movimentos corretamente. Ou seja, o robô obedeceu à força do pensamento do primata.  
        Outra faceta deste neurocientista que sugere que não estamos somente diante de pesquisador frio e calculista como grande parte de seus pares, é sua capacidade de simulação futurista, a sua imensa imaginação e visão prognóstica dos efeitos dos estudos das funções cerebrais.  Ele afirma: “como você se sentiria caso lhe fosse dado acesso a um banco de memórias de seus ancestrais remotos, de modo que pudesse, num mero instante, recuperar os pensamentos, emoções e recordações de cada um desses seus entes queridos, criando assim, por meio de impressões e sensações vividas, um encontro de gerações que jamais seria possível de outra forma? Exemplos como esses oferecem apenas uma pequena amostra do que será viver num mundo muito além das fronteiras do nosso eu, um mundo onde o cérebro humano se libertará, enfim, de sua sentença de prisão de milhões de anos, cumprida, desde tempos imemoriais, numa cela orgânica constritiva e limitada, vulgarmente conhecida como corpo”. Não é muita viagem?
        Nicolelis sustenta que o pensamento são atividades elétricas do cérebro que influenciam o meio externo e também recebem esta corrente deste meio, dessa forma as pessoas que perderam os movimentos devido às lesões da medula espinhal continuam a pensar que podem locomover-se e, com a ajuda da tecnologia robótica, conseguirão realizar novamente certos movimentos através da força do pensamento.
        Ao terminar o livro de Nicolelis a impressão predominante é de que os estudos do cérebro ainda reservam inúmeras surpresas que certamente dirimirão muitas dúvidas que acompanham a humanidade. Uma delas, talvez a principal seja a seguinte: será que a alma comanda as ações do cérebro? Em caso positivo, como ela atua? O futuro dirá?
João Fidélis de Campos Filho- Cirurgião-Dentista

                

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Limites da Educação na Escola

Limites da Educação na Escola
                                                           João Fidélis de Campos Filho
Leis severas são importantes para inibir ações contrárias à boa convivência social, mas não suprem a lacuna deixada pela falta de educação familiar. Há inúmeros projetos no Congresso Nacional propondo a transferência de muitas responsabilidades para a escola atualmente, entretanto mascaram outra realidade de nossa era: os filhos adquiriram um exagerado grau de independência e quase não obedecem às regras do lar.
            Um destes projetos que estão em análise pela Comissão de Educação no Senado determina que a escola seja responsável pela prática do bullying quando o episódio for comprovado. È óbvio que todas as instituições de ensino devem criar regras para evitar que tal prática ocorra, contudo os pais deveriam ser também responsabilizados pelos desvios comportamentais dos filhos já que a escola não tem esta finalidade essencial. A escola não tem a autoridade para educar filhos rebeldes, isso é tarefa dos pais.
            Como uma escola pode controlar ou inibir situações em que os estudantes fiquem expostos a agressões dos colegas? Isso é uma tarefa difícil e no atual momento quase impossível, principalmente nas escolas públicas brasileiras. Seria preciso um monitoramento por câmeras durante todo período escolar, no entanto as escolas têm necessidades mais urgentes como, por exemplo, a informatização do ensino. A responsabilidade precisa ser repartida com os pais, pois é no lar que nasce a maioria dos desajustes de comportamento dos filhos.
            A criação de leis por si só não equaciona os problemas educacionais do Brasil. Não se vislumbra nenhum movimento por parte dos governos federal e estadual pela real priorização da educação e este fato sim que tem que ser debatido pelos nossos representantes no Congresso. Deve-se cobrar dos governantes uma ação mais direta e mais objetiva para resolver os graves problemas por que passam nossas escolas. Isto de maneira individualizada porque cada uma tem seus próprios problemas e suas deficiências. Os profissionais da educação já sobrecarregados com as atividades próprias do magistério as quais já não conseguem cumprir, não podem assumir mais um ônus: de suprir a ausência de educação familiar.
            Ninguém pode responder com clareza até onde vão os ventos de liberdade dos filhos, que pouco ouvem os conselhos paternos e costumam se orientar pela bussola da revolução tecnológica do nosso tempo. Quando nascem com uma personalidade adaptável às circunstâncias mundanas tudo bem, contudo se inclinam para o labirinto de vícios, drogas, etc., não só a escola poderá ser culpada por estes desvios.
João Fidélis de Campos Filho-Cirugião-Dentista

Cumprir a Lei Ambiental

Fiquei escandalizado com uma história noticiada pela mídia nos últimos dias sobre uma mulher que tentou enterrar uma cadela viva em Santa Catarina. Como diz o ditado “há coisas neste mundo que até Deus duvida” e, em meio a tantas atrocidades cometidas pela raça humana e que ocupam os noticiários todos os dias, nós perguntamos: por que cometer tamanha barbaridade contra um pobre e indefeso animal?
        A cadelinha passou 10 horas embaixo da terra e foi salva por um policial militar. Sobreviveu por um milagre. Em depoimento a senhora afirmou que estava nervosa por isso resolveu matá-la.
        Os maus tratos a animais não tem sido uma exceção, fruto talvez da falta de consciência de muitos donos, da ganância de muitos comerciantes e da impunidade dos traficantes da fauna brasileira.
Vez por outra vemos animais sendo expostos em gaiolas minúsculas, submetidos a situações de stress constantes e em precárias condições de higiene. São vitimas de pessoas inescrupulosas que só enxergam o lucro. Há também proprietários que alimentam seus animais de maneira precária, deixam-nos amarrados no quintal por horas a fio ou os acoitam covardemente como a despejar-lhes seus traumas e suas neuroses. São os maus tratos que ocorrem em condições privadas e que ninguém quer denunciar. O artigo 32 da Lei Ambiental prevê a pena de detenção de três meses a um ano e uma multa a quem “praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos”.  
        Tendo como base esta lei, o abandono de animais é um crime e, diariamente isto acontece nas ruas de nossa cidade, principalmente se o cão é idoso, se está cego ou se está doente. Os coitadinhos são abandonados à própria sorte e perambulam famintos a procura de uma boa alma que os acolha, ou são recolhidos para o inevitável sacrifício, pois hoje em dia todos querem animais sadios e pequenos para adotar. Se fossem feitas denúncias contra as pessoas que descartam seus animais nas ruas e alguns fossem punidos certamente estes fatos tenderiam a diminuir.
        Até estas tradições que envolvem a tortura e o sacrifício de animais como touradas e festas similares deveriam ser abolidas pela nossa sociedade, que se autodenomina “moderna”. Por estes rincões brasileiros ainda ocorre muito o sacrifício de animais em rituais religiosos, a molestação em circos e espetáculos públicos. Coisa ainda da época medieval.  Outra prática que deveria ser substituída por outra forma de diversão é o rodeio, que submete os cavalos e touros a condições de extremo stress e sofrimento. Coisa que talvez as gerações futuras certamente olhem como mais uma barbaridade de nosso tempo.
        Mesma na área cientifica, quando são usadas cobaias para testes de medicamentos, comportamentais, etc., a legislação mundial tem evoluído muito para minimizar o sofrimento dos animais.
        E o que o cidadão consciente pode fazer para coibir os maus tratos aos animais? Simplesmente denunciar e exigir que as instituições punam aqueles que infringem a lei. Só assim se podem diminuir um pouco estas maldades.
João Fidélis de Campos Filho-Cirurgião-Dentista