quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Menos Stress

                                                               Menos stress
                                               João Fidélis de Campos Filho
                Quando vemos os semblantes de preocupação de alguns líderes europeus, submersos nesta grave crise econômica que assola imperdoavelmente o velho mundo, nos perguntamos até que ponto vale a pena se expor a um permanente stress para usufruir dos benefícios de estar a frente de uma nação e comandar os destinos de milhões de pessoas.
       Desde que nasceu o Estado e os homens se imiscuíram nesta interminável disputa pelo poder, como se aí residisse a fonte de todas as riquezas, a política se transformou numa ciência, na arte da persuasão, na melhor forma de controlar as mentes e conduzir os povos. E este jogo pelo poder em certas situações pode provocar a fortuna ou a ruína de homens que nele se envolvem sem a devida prudência e sem o espírito voltado para o bem comum.
       Dizem os sábios que as ações constroem o destino humano e se isso for verdade o homem de agora é uma soma de tudo que realizou no passado. Tudo que reflete em seu corpo e alma é a colheita do que ele vem plantando com suas inevitáveis escolhas.
       Desta maneira as pressões por que passam Ângela Merkel, Nicolai Sarkozi , David Cameron e outros governantes da Europa, cujas decisões são de imensa responsabilidade social,  podem levar a um perigoso nível de stress.
       Apontado como o vilão era moderna, sendo um dos principais fatores que desencadeia o desequilíbrio do corpo humano e traz a reboque inúmeras doenças o stress se tornou o maior desafio da saúde publica mundial, por ser muitas vez assintomático a principio , mas acumulativo.  
       Se as escolhas humanas impõem a qualquer pessoa uma carga de responsabilidade e, ao mesmo tempo, o erro ao escolher é parte integrante deste processo, o ideal talvez seja tentar minimizar a carga emotiva advinda do inevitável erro. Cada um age segundo seu raciocínio, sua intuição e também às suas inclinações psicológicas, contudo, a dificuldade é tomar uma decisão que não seja prejudicial às pessoas com as quais se relaciona.
       O homem está sempre a procura da melhor maneira de se viver. Se perguntássemos às pessoas o que mais querem na vida a maioria iria responder que é a felicidade. Entretanto a felicidade é algo em constante mutação porque ela representa um bem estar momentâneo que uma vez atingido perde sua razão de ser e cede lugar a  outra vontade ou desejo.
       Por isso muitos pensadores concordam que o objetivo maior do ser humano é a liberdade. Primeiro precisa se libertar do seu passado. Precisa se libertar do medo das conseqüências das futuras escolhas. E precisa adquirir sapiência para não ceder aos instintos animalescos e egocêntricos que o acompanham.A liberdade é um bem que extrapola a realidade e vai além deste sopro da vida que é esta passagem do homem por este planeta.Interessante é que o homem está aprisionado à condição. Ao seu estado de ser e precisa às vezes cometer muitos erros para crescer e evoluir. Precisa aprender a não cometer erros.
       A palavra conviver significa “viver com”, viver em comunidade, implica responsabilidades permanentes porque ninguém consegue hoje em dia viver em uma caverna isolado da humanidade. Desta maneira quantas melhores escolhas o ser humano fizer maior será sua liberdade, e conseqüentemente menos stress.
João Fidélis de Campos Filho-cirurgião-dentista

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Síndrome da Futilidade

Síndrome da Futilidade
                                  João Fidélis de Campos Filho
       Ontem vi uma reportagem sobre Charles Chaplin que é tema de uma exposição que acontece atualmente no Instituto Tomie Ohtake em São Paulo. A história de Chaplin merece ser contada e repetida aos nossos jovens, numa época tão desprovida de valores humanos como a atual. A massificação das comunicações elevou à categoria de ídolos os lutadores de vale-tudo, os jogadores de futebol, os artistas das séries televisivas e as modelos magérrimas, entre outros da mesma cepa, que nada acrescentam em termos de progresso cultural.
       Chaplin nasceu numa família desestruturada e pobre, mas graças à tenacidade e ao talento tornou-se um dos mais respeitados nomes da história do cinema. Foi diretor, ator, músico de vários instrumentos e criador de um personagem universal, o Carlitos. Mas o que mais nos chama a atenção em sua trajetória foi sua luta pelos direitos humanos, seu engajamento em causas sociais e sua cruzada pela paz mundial. Poderia apenas usufruir da fama internacional e da fortuna que amealhou sem se envolver em nenhuma forma de ativismo, mas sua alma inquieta o empurrou a bater de frente com os poderosos. Não se conformava com as injustiças e com um sistema que discriminava as minorias e concentrava muita riqueza nas mãos de poucos. Em 1952 foi praticamente expulso dos EUA e a partir daí decidiu vender sua residência e não voltar mais a este país. Chaplin foi realmente um ícone da sétima arte que faz jus verdadeiramente à fama que conquistou.
       Hoje a mídia de grande impacto se especializou em divulgar toda a sorte de esquisitices como forma de atrair popularidade, como esta bobagem dita por este charlatão, Jesse Ventura, prevendo a destruição do planeta em 2012. Ventura teve a bem-aventurança de ser avisado diretamente por Deus que nele confiou este segredo para repassar aos mortais. Disse que o mundo chegou ao limite de perversão, ultrapassando Sodoma e Gomorra, que foram riscadas do mapa como punição pelo Criador.  Quem dá guarida à esta falácia inconseqüente destes falsos profetas de nossa era? Talvez os marginalizados pelo sistema concentrador de renda subdesenvolvimentista, que pouco tem acesso à educação de qualidade.
       A proliferação feito tiririca destes religiosos, que operam milagres nos rádios e TVs, reflete o poder das ideologias místicas infundadas sobre um povo psicologicamente necessitado destes bálsamos e ópios. Até quando este povo vai ser ludibriado por estes bezerros de ouro, estes deuses de barro e estes falsos ídolos?
       Glorifica-se muito em nossos dias o dinheiro e o sexo como se fossem a solução para os males mundanos. O culto ao hedonismo e ao sensorialismo ocupa o espaço que deveria pertencer ao lado racional do ser humano, e não por acaso alguns pensadores tem ressaltado que a humanidade está acometida da síndrome da futilidade. Por isso a juventude deveria se espelhar nestes grandes homens que com contribuíram para que gênero humano evoluísse neste planeta.
João Fidelis de Campos Filho-Cirurgião-Dentista

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Energia do Pensamento


Energia do Pensamento
                                       João Fidélis de Campos Filho
        Imagine um mundo onde muitas das ações desenvolvidas pela energia elétrica sejam substituídas pela “energia do pensamento”. Não leitor, não digitei a frase errada. Esta e outras idéias avançadas estão presentes numa deliciosa obra de um cientista brasileiro pouco conhecido pela maioria da nossa população, mas que tem sido citado com freqüência entre os candidatos ao premio Nobel de medicina, pela comunidade cientifica internacional. Seu nome é Miguel Nicolelis e suas pesquisas na Universidade Duke (USA) têm surpreendido a todos no campo neurocientifico.
        Nestes últimos dias li com imenso prazer o livro “Muito Além de Nosso Eu”, enviado por um amigo com fartas recomendações. Foi uma obra lançada com muita expectativa na última FLIP (Festival Literário de Paraty), com a presença do autor que fez uma palestra sobre seus estudos do cérebro.
Nicolelis escreve de maneira acessível ao leitor não afeito aos termos científicos, apesar de tratar de teorias complexas sobre a atuação de cadeias de neurônios nas inúmeras ações que norteiam a vida humana. E seu estilo é cativante, prende a atenção e a curiosidade do leitor, por focalizar assuntos que realmente despertam o interesse de todos e os obriga a pensar de maneira inteligente e simples.
        Achei interessante como Nicolelis tentou demonstrar que os sentimentos produzem intempestivas alterações nas células corticais do cérebro e como as relações afetivas podem ocasionar mudanças positivas ou negativas de acordo com o curso dos acontecimentos da vida individual. No caso do amor, uma afeição mais forte e profunda, o autor afrima que as pesquisas comprovam que as mudanças cerebrais são de tamanha dimensão que se tornam difíceis de dissipar porque se tornam parte contínua do córtex. A imagem da pessoa amada se torna quase onipresente ou parte integrante do eu e dificilmente se esvai. Por isso a sabedoria popular diz que o amor de verdade nunca se esquece.
        Quanto à força do pensamento Nicolelis e sua equipe estão trabalhando incansavelmente para provar sua veracidade e freqüência nas ações mais comuns do dia-a-dia dos seres humanos. E prevê um uso consciente da força do pensamento na próxima década. Toda a energia que hoje a humanidade usa de forma instintiva ela usará de maneira racional daqui a algum tempo. Ele diz: “Nesse futuro, sentado na varanda de sua casa de praia, de frente para seu oceano favorito, você um dia poderá conversar com uma multidão, fisicamente localizada em qualquer parte do planeta, por meio de uma nova versão da internet (a “brainet”), sem a necessidade de digitar ou pronunciar uma única palavra. Nenhuma contração muscular envolvida. Somente através de seu pensamento”. Utilizando uma macaca, cujas atividades cerebrais estavam interligadas a um robô no Japão através de computadores, Nicolelis sugeriu que ela movesse os braços do robô para posições diferentes e ela obedecendo à ordem fez os movimentos corretamente. Ou seja, o robô obedeceu à força do pensamento do primata.  
        Outra faceta deste neurocientista que sugere que não estamos somente diante de pesquisador frio e calculista como grande parte de seus pares, é sua capacidade de simulação futurista, a sua imensa imaginação e visão prognóstica dos efeitos dos estudos das funções cerebrais.  Ele afirma: “como você se sentiria caso lhe fosse dado acesso a um banco de memórias de seus ancestrais remotos, de modo que pudesse, num mero instante, recuperar os pensamentos, emoções e recordações de cada um desses seus entes queridos, criando assim, por meio de impressões e sensações vividas, um encontro de gerações que jamais seria possível de outra forma? Exemplos como esses oferecem apenas uma pequena amostra do que será viver num mundo muito além das fronteiras do nosso eu, um mundo onde o cérebro humano se libertará, enfim, de sua sentença de prisão de milhões de anos, cumprida, desde tempos imemoriais, numa cela orgânica constritiva e limitada, vulgarmente conhecida como corpo”. Não é muita viagem?
        Nicolelis sustenta que o pensamento são atividades elétricas do cérebro que influenciam o meio externo e também recebem esta corrente deste meio, dessa forma as pessoas que perderam os movimentos devido às lesões da medula espinhal continuam a pensar que podem locomover-se e, com a ajuda da tecnologia robótica, conseguirão realizar novamente certos movimentos através da força do pensamento.
        Ao terminar o livro de Nicolelis a impressão predominante é de que os estudos do cérebro ainda reservam inúmeras surpresas que certamente dirimirão muitas dúvidas que acompanham a humanidade. Uma delas, talvez a principal seja a seguinte: será que a alma comanda as ações do cérebro? Em caso positivo, como ela atua? O futuro dirá?
João Fidélis de Campos Filho- Cirurgião-Dentista

                

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Limites da Educação na Escola

Limites da Educação na Escola
                                                           João Fidélis de Campos Filho
Leis severas são importantes para inibir ações contrárias à boa convivência social, mas não suprem a lacuna deixada pela falta de educação familiar. Há inúmeros projetos no Congresso Nacional propondo a transferência de muitas responsabilidades para a escola atualmente, entretanto mascaram outra realidade de nossa era: os filhos adquiriram um exagerado grau de independência e quase não obedecem às regras do lar.
            Um destes projetos que estão em análise pela Comissão de Educação no Senado determina que a escola seja responsável pela prática do bullying quando o episódio for comprovado. È óbvio que todas as instituições de ensino devem criar regras para evitar que tal prática ocorra, contudo os pais deveriam ser também responsabilizados pelos desvios comportamentais dos filhos já que a escola não tem esta finalidade essencial. A escola não tem a autoridade para educar filhos rebeldes, isso é tarefa dos pais.
            Como uma escola pode controlar ou inibir situações em que os estudantes fiquem expostos a agressões dos colegas? Isso é uma tarefa difícil e no atual momento quase impossível, principalmente nas escolas públicas brasileiras. Seria preciso um monitoramento por câmeras durante todo período escolar, no entanto as escolas têm necessidades mais urgentes como, por exemplo, a informatização do ensino. A responsabilidade precisa ser repartida com os pais, pois é no lar que nasce a maioria dos desajustes de comportamento dos filhos.
            A criação de leis por si só não equaciona os problemas educacionais do Brasil. Não se vislumbra nenhum movimento por parte dos governos federal e estadual pela real priorização da educação e este fato sim que tem que ser debatido pelos nossos representantes no Congresso. Deve-se cobrar dos governantes uma ação mais direta e mais objetiva para resolver os graves problemas por que passam nossas escolas. Isto de maneira individualizada porque cada uma tem seus próprios problemas e suas deficiências. Os profissionais da educação já sobrecarregados com as atividades próprias do magistério as quais já não conseguem cumprir, não podem assumir mais um ônus: de suprir a ausência de educação familiar.
            Ninguém pode responder com clareza até onde vão os ventos de liberdade dos filhos, que pouco ouvem os conselhos paternos e costumam se orientar pela bussola da revolução tecnológica do nosso tempo. Quando nascem com uma personalidade adaptável às circunstâncias mundanas tudo bem, contudo se inclinam para o labirinto de vícios, drogas, etc., não só a escola poderá ser culpada por estes desvios.
João Fidélis de Campos Filho-Cirugião-Dentista

Cumprir a Lei Ambiental

Fiquei escandalizado com uma história noticiada pela mídia nos últimos dias sobre uma mulher que tentou enterrar uma cadela viva em Santa Catarina. Como diz o ditado “há coisas neste mundo que até Deus duvida” e, em meio a tantas atrocidades cometidas pela raça humana e que ocupam os noticiários todos os dias, nós perguntamos: por que cometer tamanha barbaridade contra um pobre e indefeso animal?
        A cadelinha passou 10 horas embaixo da terra e foi salva por um policial militar. Sobreviveu por um milagre. Em depoimento a senhora afirmou que estava nervosa por isso resolveu matá-la.
        Os maus tratos a animais não tem sido uma exceção, fruto talvez da falta de consciência de muitos donos, da ganância de muitos comerciantes e da impunidade dos traficantes da fauna brasileira.
Vez por outra vemos animais sendo expostos em gaiolas minúsculas, submetidos a situações de stress constantes e em precárias condições de higiene. São vitimas de pessoas inescrupulosas que só enxergam o lucro. Há também proprietários que alimentam seus animais de maneira precária, deixam-nos amarrados no quintal por horas a fio ou os acoitam covardemente como a despejar-lhes seus traumas e suas neuroses. São os maus tratos que ocorrem em condições privadas e que ninguém quer denunciar. O artigo 32 da Lei Ambiental prevê a pena de detenção de três meses a um ano e uma multa a quem “praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos”.  
        Tendo como base esta lei, o abandono de animais é um crime e, diariamente isto acontece nas ruas de nossa cidade, principalmente se o cão é idoso, se está cego ou se está doente. Os coitadinhos são abandonados à própria sorte e perambulam famintos a procura de uma boa alma que os acolha, ou são recolhidos para o inevitável sacrifício, pois hoje em dia todos querem animais sadios e pequenos para adotar. Se fossem feitas denúncias contra as pessoas que descartam seus animais nas ruas e alguns fossem punidos certamente estes fatos tenderiam a diminuir.
        Até estas tradições que envolvem a tortura e o sacrifício de animais como touradas e festas similares deveriam ser abolidas pela nossa sociedade, que se autodenomina “moderna”. Por estes rincões brasileiros ainda ocorre muito o sacrifício de animais em rituais religiosos, a molestação em circos e espetáculos públicos. Coisa ainda da época medieval.  Outra prática que deveria ser substituída por outra forma de diversão é o rodeio, que submete os cavalos e touros a condições de extremo stress e sofrimento. Coisa que talvez as gerações futuras certamente olhem como mais uma barbaridade de nosso tempo.
        Mesma na área cientifica, quando são usadas cobaias para testes de medicamentos, comportamentais, etc., a legislação mundial tem evoluído muito para minimizar o sofrimento dos animais.
        E o que o cidadão consciente pode fazer para coibir os maus tratos aos animais? Simplesmente denunciar e exigir que as instituições punam aqueles que infringem a lei. Só assim se podem diminuir um pouco estas maldades.
João Fidélis de Campos Filho-Cirurgião-Dentista

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Nuances do Destino

                                                               Nuances do Destino
                                       João Fidélis de Campos Filho
        O anuncio de uma nova descoberta ou o invento de algo que melhore a vida e aumente o bem estar causa a impressão de que existe um limite para o aprimoramento material do mundo. Cada vez que nos deparamos com produtos que facilitam o trabalho humano, ou quando se avança alguns centímetros na cura de doenças que dizimavam muitas vidas no passado, temos a falsa ilusão que estamos próximos de uma realidade acabada ou a aproximação de uma suposta perfectibilidade. Por isso a sociedade contemporânea é erroneamente chamada de “moderna”. Hoje pensa-se, graças aos avanços científicos alcançados  pela humanidade, que o ser humano realmente domina as leis que regem o planeta, simplesmente porque o contraste com o passado o estimula a imaginar que é capaz de tudo. Ou quase tudo.  
        Esta falsa impressão sempre existiu na história das civilizações, principalmente quando se inventou algo de grande impacto social e que provocou drásticas mudanças de comportamento. Contudo não existe o “acabado” no mundo, porque tudo que é material passa por mudanças constantes, inclusive o homem, que além das mudanças culturais passou por várias mutações morfológicas.
        Por isso o ser humano é um ser em transição, adaptado á sua condição existencial e sujeito às nuances de seu destino. Destino sim, mesmo que algumas mentes desdenhem esta idéia aparentemente antiquada. Outro dia num debate com alguns materialistas percebi que mesmo que a realidade fosse apenas o resultado do entrechoque de energia material, numa espécie movimento permanente, também este resultado poderia ser classificado como uma forma de destino. Explico: o que os materialistas chamam de aleatoriedade, ou seja, o resultado fortuito de forças em constante conflito é uma forma de destino; de algo que se modificou. Porque tudo que começa tem um destino (um fim, uma história a ser desenrolada segundo um preceito da natureza ou da vontade divina) e isto se aplica também ao homem e a todo ser vivo, só que neste caso há a interferência de uma vontade, de um desejo ou de um instinto.  E se mesmo esta interferência for obra de uma lei já pré-definida desde o inicio do universo triunfam os deterministas. Neste caso nada do que fizermos pode alterar o que está por vir.  
        Se for provado que não existam leis superiores que comandem a ordem do universo e que não exista destino fica inviável a existência de um Criador nos moldes que pregam os religiosos e os filósofos teístas. Porque a partir do segundo que qualquer ser passa existir tem que haver um plano pré-progamado por Deus que inclui o seu futuro e seu tempo de existência. Se Deus não interfere nos acontecimentos fica difícil provar Sua finalidade.
        E onde entra nesta questão o livre-arbítrio, a liberdade do homem? Há neste ponto uma linha de confluência entre os espiritualistas e ateus: se o homem tem realmente uma liberdade de ação ela é restrita e parcial. Além de estar sujeito às circunstâncias de sua condição (do ambiente, sexo, intempéries, etc.) o homem é cerceado pelo seu nível de consciência. Quanto mais consciente de seu mundo, de sua realidade, das forças que regem sua mente e das inclinações de seu psiquismo, maior é a liberdade do homem.  Baseado nisto que Tomás de Aquino retomou a velha teoria aristotélica de que todo homem só tem a liberdade de escolher, o resultado de sua escolha não depende dele, depende de Deus. Ou das forças materiais que regem o universo? Ou do destino?   
João Fidélis de Campos Filho- Cirurgião-Dentista

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Sexto Sentido

                        Sexto Sentido
                                        João Fidélis de Campos Filho
Você já pensou em alguém e logo em seguida toca o telefone e é exatamente aquela pessoa em quem você estava pensando? Estava em casa ou em sou local de trabalho de repente vem em sua mente a imagem de uma pessoa e dali a pouco ela aparece e você diz :”estava pensando em você agora há pouco”. Isto é telepatia, fenômeno de transmissão de pensamento, que sempre fez parte da vida humana e que nesta última década vem sendo alvo de inúmeros estudos científicos que procuram comprovar sua veracidade.
Um destes estudos foi realizado nos Laboratórios de Psicofísica de Princeton. Baseado no método do pesquisador Charles Honorton cujo nome é Gansfeld (palavra alemã que significa “campo total”) foram realizadas várias tentativas de transmissão de pensamento e sensações nas quais os índices de acertos foram considerados altos. No experimento Gansfeld há uma pessoa receptora e outra emissora em ambientes separados e várias informações visuais ou sonoras são enviadas da emissora para a receptora.  A pessoa (receptor) deita-se no silêncio de um quarto sombrio em uma cadeira reclinável confortável, com fones de ouvido. Sobre cada olho, meia bola de pingue-pongue. Os fones tocam chiado, considerado um som neutro. E sobre as bolinhas de pingue-pongue é emitida uma luz vermelha, de forma que, se a pessoa abre os olhos, ela só vê uma luz difusa vermelha. Para garantir que a pessoa não pode se comunicar por telefone ou rádio com o exterior, as salas de Ganzfeld são à prova de som e blindadas contra ondas eletromagnéticas. Um computador seleciona aleatoriamente um jogo de quatro imagens de um banco de dados contendo dezenas delas. Dessas quatro imagens, a máquina escolhe uma. Essa imagem é que será transmitida telepaticamente. O teste envolve duas pessoas: o emissor, que fica em uma sala, em frente a um computador, e o receptor, que fica em outra sala, em estado de Ganzfeld. Durante a sessão, o “receptor” descreve em voz alta todas as imagens que sua imaginação produz. Sua descrição é transmitida para o emissor, como estímulo para que ele se concentre na tarefa. Ao final da sessão, que dura 30 minutos, um computador exibe as quatro imagens selecionadas para o receptor. Sua tarefa é dizer qual das imagens mais se assemelha com o que ele imaginou. Se ele indicar a imagem certa, um acerto direto é computado. Todos os testes são gravados, para o caso de alguém querer conferir.
É claro que a ciência precisa de muitas provas para aceitar oficialmente que as pessoas se comunicam quase imperceptivelmente através de um sentido desconhecido e por isso atualmente há muitos estudos em andamento das percepções extra-sensoriais (que são as percepções que não usam nenhum meio físico e nenhum dos cinco sentidos conhecidos). A ciência procura a comprovação da existência de uma força mental ou da alma que explique não só a telepatia como também a premonição, a clarividência, a psicocinese (mover as coisas pela força da mente),etc. São o que hoje são chamados pelos pesquisadores como fenômenos PSI, que é um termo criado para designar a hipótese da conexão lógica entre existente entre mente e mente e entre mente e matéria. A interconectividade pressupõe que o homem seja capaz de interagir com o meio ambiente de maneira direta sem o uso dos sentidos ou qualquer meio físico cientificamente reconhecido.  Espera-se, com o passar dos anos que experiências ricas em detalhes e bem documentadas possam provar esta interconectividade.
João Fidélis de Campos Filho- Cirurgião-Dentista

domingo, 3 de julho de 2011

Literal ou Alegórico?

Literal ou Alegórico?
                                                               João Fidélis de Campos Filho
        Não vejo razão para que uma pessoa destrua uma imagem de Nossa Senhora com o objetivo premeditado de provocar os que professam a fé católica. Isso deve ser coisa de vândalos, estes que costumam depredar os telefones públicos, placas de ruas, jardins, praças, etc. Ou como foi aventado, tenha sido obra de drogados.
        Uns anos atrás um pastor, por motivos religiosos, quebrou uma imagem de Nossa Senhora diante das câmeras da TV, fato que recebeu a reprovação de todo o país, pois agredir um símbolo sagrado de qualquer agremiação religiosa só provoca exacerbação, discórdia e exalta o fanatismo, sendo em última análise um desrespeito desmedido contra os adeptos de qualquer doutrina.
        Estamos acompanhando as repercussões causadas por aquele pastor norte-americano que resolveu queimar o alcorão, que é o livro sagrado dos muçulmanos. Nesta semana morreram mais de 30 pessoas no Paquistão em confrontos com a polícia, que protestavam contra o tal pastor.
        O maior problema é que as pessoas costumam misturar religião com paixão. Perdem o senso crítico e ignoram que a verdadeira transformação coletiva ocorre no campo das idéias e não no sectarismo. No atual momento a maior revolução no campo da metafísica vem ocorrendo nas mentes das novas gerações que estão questionando a consistência lógica destes dogmas doutrinários. As ideologias estacionárias tenderam a perder mais fiéis mais rapidamente. A desilusão vem se tornaram um celeiro de ateus e agnósticos.
        Em um dos seus últimos livros, intitulado “Caim”, José Saramago dissemina uma idéia interessante sobre a maneira como as pessoas usualmente interpretam a Bíblia.  Sabe-se que nos séculos passados a Igreja dissuadia os fiéis de lerem a Bíblia porque, depois de Lutero, avistava cada vez mais deserções.  Não logrou muito êxito visto a exuberância de credos hoje em dia. Mas o que Saramago aponta é o seguinte: quando deve o leitor da Bíblia entender uma passagem dos textos sagrados como literal ou como alegórico? . Isto porque em várias passagens a Bíblia é tomada ao pé da letra, em outras recebe uma interpretação subjetiva ou alegórica que nem mesmo os “doutos” no assunto conseguem se entender. A BBC distribuiu vinte passagens da Bíblia para cem especialistas (ou teólogos) interpretar e o índice de concordância foi de apenas 10%.
        Saramago chegou à conclusão que a interpretação literal ou alegórica é de acordo com as conveniências ou os interesses. Não existe regra alguma. Como há uma panacéia histórico-lendária/lendária/literária/moral que cada um tire o alimento que satisfaça sua alma.
        Dizem que certa vez Buda andava por um lugarejo quando foi abordado por um homem aflito que lhe disse: “não consigo entender sua filosofia, suas palavras não entram em minha mente”. O iluminado se voltou para ele e falou: “esqueça tudo o que eu preguei e seja honesto em todas as suas ações”. A vida é muito simples, basta procurar o bem.
João Fidélis de Campos Filho –Cirurgião-Dentista

Ansiedade e Depressão

Ansiedade e Depressão
                                       João Fidélis de Campos Filho
Sempre achei muito intrigante a Teoria das Idéias de Platão. È muito comum se perguntar como um pensador que viveu há quase três mil anos atrás exerce tanto influência até hoje com teses tão revolucionárias?
        Segundo Platão há dois mundos que coexistem, um chamado o “Mundo das Idéias”, que é simplesmente o extrato da realidade que se desenrola, onde as idéias das coisas são puras e perfeitas e o Mundo sensível que seria o mundo que é apreendido pelos sentidos dos homens que é cheio de imperfeições. È claro que existem os conceitos universais e inalteráveis como, por exemplo: o homem é um ser mortal. Mas a partir do conceito básico homem há inúmeras variações fisiológicas, intelectuais e culturais. De acordo com estas variações a apreensão da realidade é muito diferente de individuo para individuo. E ai chega num ponto crucial, que é na verdade o tema da matéria deste domingo que é a expectativa de cada um em relação ao mundo e suas conseqüências.
        Pensamos que a maior inquietação humana nasce da freqüente criação de suas necessidades, que podem ser realmente imprescindíveis, como a cura de uma doença ou saciar uma fome, como não tão urgentes como, por exemplo, comprar um carro novo, uma televisão LED, ou fazer um tour pela Europa. A questão toda se resume na criação dos anseios e na presumível frustração de não realizá-los. O grande nó górdio do homem moderno está na enorme quantidade de “necessidades” que o mundo atual cria incansavelmente através da propaganda e da indução ao consumo e a incapacidade das pessoas de alcançá-las. No fundo são as descargas emocionais, os conflitos íntimos que atuam às vezes de maneira inconsciente, que produzem muitas das doenças e abreviam a existência de milhares de seres humanos.
        Construir objetivos é a mola propulsora da realidade humana, contudo o problema está na dosagem e no bom senso em lidar com estes objetivos, pois a descarga hormonal destes anseios pode provocar distúrbios irreversíveis no metabolismo humano. A ansiedade gerada a partir das múltiplas informações atuais é também um dos grandes males desta atual geração. A chamada geração da depressão, porque muito da insatisfação consumista de hoje gera angustia e depressão.
        No afã de acumular bens materiais muitos não se dão conta da brevidade da vida e o quanto se perde com coisas pueris e sentimentos inúteis. Se viver é um estado de espírito e como bem salientou Platão o homem é quem deturpa vilmente a realidade atendendo á sua vaidade e ganância, aquele que não atrai para si múltiplos compromissos, prezando uma vida simples e mentalmente saudável tende naturalmente a viver mais.
João Fidélis de Campos Filho- Cirurgião-Dentista
jofideli@gmail.com     

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Vontade Divina

Vontade Divina
                                                                       João Fidélis de Campos Filho
        Foram brevíssimos minutos. O repórter aproximou-se do moço que aparentava vinte e poucos anos. “Foi por Deus”, explicou ele ao repórter, ainda sob o impacto do medo e da emoção. O repórter perguntou: como aconteceu?
E ele relatou o episódio: “Eu e meu irmão brincamos de bola quase todo dia neste campinho, depois do trabalho. Ontem quando começamos a trocar bola o tempo mudou de repente. Ouvi um grande estrondo e em seguida um raio atingiu em cheio meu irmão. Quando chegou ao hospital já estava morto. Graças a Deus não fui atingido, senão teria partido desta também”, explicou o rapaz.
Este fato ocorreu há poucos dias. Mas quando da tragédia em Teresópolis um ancião lamentava a perda de toda a sua família arrastada morro abaixo com a tempestade. Ele que foi o único sobrevivente de uma prole numerosa sentenciou: “Deus que me livrou! Só sofri um corte no braço, mas já estou bem.”
Nos dois casos vitimas que perderam entes queridos agradecem a Deus por ter-lhes poupado a vida. O Deus que permite a tragédia e a morte de crianças inocentes é o mesmo que deixa ileso um homem de idade avançada. O Deus que permite que um irmão morra num raio fulminante e, o outro irmão que estava a poucos metros sobreviva, pode ser julgado pela nossa razão interpretativa?  
“Se quiser desafiar o Criador infrinja a lei natural das coisas”, dizia Pascal ciente que o homem tem grande parcela de culpa ao expor-se ao perigo. Mas o que dizer dos inocentes vítimas dos atos inconseqüentes dos outros? Dos civis que são atingidos pelas guerras, dos motoristas que são arrolados em acidentes pelos maus condutores e perecem, dos milhares atingidos por balas perdidas e das crianças ceifadas pelas epidemias, fome e desastres incontáveis?
“Todos tem sua hora de partir”, afirma os espíritas. Tudo obedece à sábia lei do carma, aonde o ciclo das reencarnações vai conduzindo o espírito ao aprendizado e o despertar da consciência. Deus, para quem o tempo não existe exerce seu completo domínio sobre a vida e a morte. Cada molécula que se choca obedece a sua vontade. No entanto o homem indaga, edifica sistemas para explicar suas teorias, mas grande parte dos acontecimentos mundanos está envolto num véu de mistérios.
Para algumas religiões Deus tem um plano para cada ser existente neste planeta e este ser cumpre simplesmente sua obrigação de tempo e espaço. A vida seria para alguns apenas poucos segundos enquanto que para outros longeva. A questão é que o homem, como todos os seres existentes, nasce com um forte instinto de conservação da espécie, não aceita seu destino. E para manter-se afastado das doenças psicológicas apega-se às ilusões e desejos da vida cotidiana.
Compreender o porquê dos acontecimentos deste planeta ou os desígnios divinos como prova Kant é um campo fértil de especulações porque o que está além das leis da natureza não pode ser demonstrado. Não é como somar dois mais dois, que se sabe com certeza que o resultado será sempre quatro. Por isso Deus surgiu sempre na história da humanidade para explicar tudo que o homem desconhecia. A existência de Deus é na filosofia o ponto de partida para o estudo da metafísica e uma pré-condição fundamental para as religiões. Sem Deus elas não teriam razão de existir.
Muitos filósofos preferiram crer numa ordem racional do universo e numa causa desta ordem que seria Deus, mas a maioria não aderiu aos sistemas religiosos erigidos a partir da idéia deste Criador. Diante da incerteza a dúvida ainda é a melhor opção. Mas isto não retira do homem o estímulo contínuo de buscar a verdade, ou estar freqüentemente construindo novas “verdades”. Cada um é um microcosmo e carrega consigo um sistema de crenças. E indagar sempre é sua sina.
João Fidélis de Campos Filho- Cirurgião-Dentista

quinta-feira, 21 de abril de 2011

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Força Modeladora da Natureza

João Fidélis de Campos Filho

O homem moderno se vê diante de muitas situações nas quais é obrigado a fazer escolhas cujos acertos ou erros dependem da avaliação de sua consciência. São muitos os estímulos psicossociais, pois estamos num tempo de grande diversidade material e cultural. A vida tranqüila das gerações de décadas passadas foi substituída pelo ritmo frenético dos acontecimentos que se sucedem e que dão tão pouco tempo ao homem de digeri-los. As frustrações geralmente se originam da natural incapacidade de se realizar todas as aspirações, dos conflitos de relacionamentos e do sentimento de culpa.

Não é por mero fatalismo que muitos filósofos de nossa época redescobriram o pensamento de Demócrito, pois suas idéias funcionam como um antídoto aos males do homem atual, ao mesmo tempo em que combinam com a atmosfera científica e industrial deste século. Este pensador grego percorreu o mundo de sua época em longas viagens até por fim estabelecer-se em Atenas e dedicar seu tempo à contemplação e ao estudo, levando uma vida simples e desprovida das coisas inúteis que os homens comuns costumam julgar “essenciais’

Para Demócrito nossos sentidos são pouco confiáveis e nossas necessidades são guiadas por valores culturais abstratos. ”Se todo o universo é formado de átomos cujas forças estão constantemente interagindo o homem vive apenas das formas com que a matéria se diferencia e de seus efeitos”, ou seja, vive num mundo aparente de causas inacessíveis à sua compreensão. Os átomos e suas reações constituem a verdadeira realidade, afirmava.

Demócrito pregava que a felicidade é algo inconstante e os prazeres sensuais apenas nos oferecem breves satisfações. O ser humano só encontra um contentamento mais duradouro através da paz e serenidade da alma (ataraxia), do bom humor (euthumia) e da moderação (metriotes).

Outro componente da realização pessoal é a chamada “nobreza do homem”, diz o pensador grego. Se os animais cumprem com suas obrigações instintivas (“a aranha a tecer”, as andorinhas a construir, o rouxinol a cantar, etc.,”) a força de caráter é motor que dirige o homem feliz. Por isso Demócrito diz: “As boas ações não devem ser praticadas por obrigação e sim por convicção: não com esperança de recompensa (como erroneamente pregam certas religiões), mas pelo simples amor à bondade”. E arremata: “É mais diante de si próprio do que diante do mundo que o homem deve envergonhar-se de suas más ações”.

Interessante que Demócrito aponta o amor como a maior força modeladora da natureza. Na extremidade oposta o ódio funciona como força desorganizadora. Graças ao amor o homem criou as mais belas obras de arte e tornou a vida mais saudável e com mais bem estar. Segundo Demócrito a evolução e o progresso da humanidade demonstram que o amor prevalece porque o homem não cessa de criar, apesar de todos os conflitos e vicissitudes.

Por não citar Deus em seus escritos e acreditar na ordem natural das coisas, muitos filósofos tendem a pensar que Democrito era ateu. A célebre frase “o todo é algo que jamais foi visto, ouvido ou concebido pelo espírito do homem” é tida como prova de sua incredulidade num governante do universo. No entanto ele nunca se manifestou claramente sobre esta questão. Dizem alguns até que ele era indiferente a isso.

Demócrito viveu 109 anos e muitos de seus amigos construíram sua verdadeira filosofia já que apenas 470 linhas do que escreveu chegou até nós. Contudo seu texto ainda é muito lido e estudado em universidades do mundo todo e é objeto de grandes debates no campo das idéias.

Obs. palavras entre aspas são de Demócrito.

João Fidélis de Campos Filho

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quarta-feira, 16 de março de 2011

Robôs e Alienígenas

Robôs e Alienígenas
                                                                                                          João Fidélis de Campos Filho
            Uma comissão de cientistas da NASA (Agência Espacial Norte-Americana) divulgou nestes dias o resultado de um amplo estudo sobre a possibilidade de vida no universo, no qual chegou-se à conclusão de que é praticamente impossível (devido às condições atmosféricas, climáticas, etc.) a existência de vida extra-terrestre.Curioso é que em dezembro a descoberta de uma novo tipo de bactéria num lago da Califórnia levou a mesma NASA a afirmar que poderia haver vida fora do planeta Terra, portanto esta mudança de ponto de vista em tão pouco tempo levanta dúvidas sobre veracidade do estudo.
            È importante lembrar que estas pesquisas se atem unicamente à forma de vida biológica existente em nosso planeta. A Terra reúne condições propícias para que os seres vivos aqui se desenvolvam para manter acesa a chama do ciclo vital através da transmissão dos genes de cada espécie. Pode ser que existam (e isto a pesquisa não cita) outras formas de seres, os alienígenas, que não necessitem da energia que os seres vivos precisam para se manter em atividade. No entanto os cientistas reforçaram a tese de que não há evidências científicas aceitas pela comunidade acadêmica internacional para se afirmar que existem outras formas de seres.
            Para muitas mentes inteligentes é pouco provável que este gigantesco e ainda desconhecido universo abrigue apenas os seres do nosso planeta. Contudo com a difusão do cientificismo atual vem aumentando o número de céticos, ateus e materialistas que negam até a existência da própria mente. Muitos sustentam que as reações químicas do cérebro são responsáveis não só pelo nosso raciocínio assim como nossas emoções. Separar o cérebro da consciência (ou do eu) tem sido uma tarefa desafiadora para a neurociência. Segundo Henri Bergson o homem não é uma maquina passivamente adaptável; ele é um foco de força redirecionada, um centro de evolução criativa. E a escolha (o livre-arbítrio) é criação e criação é trabalho. O homem só capta o fluxo da vida pelo pensamento e pelo intelecto, portanto  como a matéria poderia produzir intuição e imaginação? Matéria não pensa e não sente.
            Sem a mente os animais agiriam unicamente pelo instinto de conservação e isso na prática inexiste. Eles agem também por sentimentos e aspirações diversas. Não faz muito tempo o psiquiatra norte-americano Martin Paulus, professor da Universidade da Califórnia anunciou a descoberta que a ínsula é a ponte de conexão entre o cérebro e a mente. Através de exames de ressonância ele chegou a conclusão que a ínsula (órgão do tamanho de uma ameixa situada no cérebro) interpreta as emoções e a partir daí que a mente toma suas resoluções.  
            Calcula-se que o cérebro funciona com 100 bilhões de células nervosas e mais de 50 neurotransmissoras, que resultam em mais de 500 trilhões de conexões neuronais. Graças a elaboração mental hoje em dia se conhece mais deste órgão complexo. Mas lhe dar a primazia mecanicista do domínio completo do corpo humano é uma quimera. Se assim fosse seriamos robôs.
João Fidélis de Campos Filho-Cirurgião-Dentista
http://jofideli.blogspot.com/

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Novo Mínimo

Novo Mínimo
                                                            João Fidelis de Campos Filho
       Ainda não é carnaval, mas o clima já é de festa e folia, pois parece que o país está parado se “guardando pra quando o carnaval chegar” (Chico Buarque). Quase tudo é postergado para depois do carnaval, como se houvesse uma ponte necessária a ser transporta até que as coisas voltem realmente a se engrenar neste país. O ano letivo começa para valer após a folia de Momo, muitos cursos de especialização, eventos importantes, inaugurações de obras, etc., muita coisa segue o calendário anual pós-carnaval.
       Nossos deputados, depois de todo este “esforço” para votar o novo salário mínino dão uma paradinha (afinal ninguém é de ferro) e vão curtir seu “merecido” descanso de carnaval. Calcula-se que este aumento de 35,00 tenha custado caro ao país nestas negociações dos bastidores. Contudo o salário mínimo é uma mera referência para pagamento de aposentados e para o salário de prefeituras do nordeste. Pouca gente sobrevive com um salário destes com esta galopante inflação e as empresas privadas estão bem cientes disso. E um empregado com uma melhor remuneração produz bem mais e dá mais lucro. O governo sempre se mostra ávido para taxar os lucros da classe produtiva, com impostos elevados, no entanto paga uma míngua para o trabalhador aposentado que contribuiu com seu suor por longos 30 ou 35 anos.
       A tabela do Sistema Único de Saúde é, no português mais direto, uma exploração aos profissionais da saúde. Coisa de quarto mundo. Por isso as santas casas estão sempre deficitárias e precisando de socorro para não fechar. Criar mais impostos, tal qual a famigerada CPMF, é tapar o sol com a peneira. Valeria apenas como formula de unificar impostos e distribuir renda se fosse aplicada corretamente. Teriam que suprimir vários impostos em cascata e criar a CPMF, ou um imposto sobre as movimentações comerciais, que taxando as operações bancárias ou comerciais, como é feito em vários lugares do mundo, traria resultados bem mais justos e racionais.
       Os congressistas foram rápidos na votação de seus salários. Concederam a si próprios um generoso aumento que veio a somar aos muitos benefícios da carreira parlamentar. A máquina pública custa cada vez mais neste país onde os maiores salários são pagos pelos traficantes de drogas. Como subir socialmente ganhando esta merreca que a maioria do povo recebe no fim do mês?
       Para piorar a imprensa divulgou nos últimos dias que o Brasil é um dos países com maior dinheiro depositado nos bancos suíços. Ganha de nações como a China, Índia, etc. Segundo os cálculos dos bancos suíços há mais de 6 bilhões de dólares desviados por brasileiros para as praças financeiras daquele paraíso fiscal. Mas de acordo com os prognósticos extra-oficiais este montante pode ultrapassar os 50 bilhões de dólares. A reportagem diz que nos últimos anos (que coincide com os últimos mandatos), as remessas das terras tupiniquins aumentaram muito. Isso demonstra que as políticas de fiscalização a doleiros no Brasil tem se mostrado ineficazes.
       Não por acaso há um projeto de legalização desta grana toda que poderia retornar sob certas condições ao Brasil. Seria uma forma de atenuar o problema. Contudo este é mais uma explicação para a péssima distribuição de renda em nosso país e o salário mínimo seja tão mínimo.
João Fidélis de Campos Filho –cirurgiã0-dentista
           

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Vamos Melhorar Este País?

Vamos Melhorar Este País?
                                                      João Fidélis de Campos Filho
             O povo exige mais liberdade nos países árabes. Saem às ruas protestam e arriscam suas vidas porque estão despertando deste sono dogmático/teocrático. Parece que a tirania está ficando fora de moda e as pessoas mais conscientes de seus direitos civis. Até quando estes regimes opressores e corruptos vão se sustentar? Esta é a pergunta que a mídia internacional vem se fazendo ultimamente. Irã, Cuba, Coréia do Norte, Líbia, etc., se tornaram nações destoantes da ordem econômica e social do mundo moderno e numa comunidade globalizada (e conseqüentemente mais informada) tendem a sofrer crescentes pressões por um regime mais pluralista e democrático.
             Um detalhe importante: a maioria dos manifestantes que derrubaram os governos na Tunísia e no Egito era constituída de jovens. Jovens de uma geração mais atenta ao que ocorre no planeta e que almejam banir os privilégios destes ditadores, como Hosni Mubarak, do Egito, que tinha uma grande fortuna depositada na Suíça.
             Mas vamos falar do Brasil, que elegeu novamente José Sarney para a presidência do Senado. Onde os réus do mensalão ocupam cargos importantes no atual governo e cuja classe política está totalmente desacreditada perante a opinião pública.  No caso brasileiro a participação política dos jovens tem sido muito tímida. Culpa os críticos a baixa escolaridade: de 32 milhões que matriculam no ensino médio apenas dois milhões concluem o ensino superior, mas será que é só este fator?
             Culturalmente o povo brasileiro é pacato, pouco reclama de seus direitos e aceita passivamente que seus representantes usem o poder para o enriquecimento. Isto é tão antigo (vem da época do Brasil – colônia) e parece que se tornou uma coisa tradicional ou um vício que o país não consegue se livrar. Todos sabem que a política abre muitas portas para a fortuna e associa a imagem do político como a de um padrinho que está sempre distribuindo presentes em troca de fidelidade. Parece que o povo até se acostumou a este sistema e perdeu a consciência cívica e o patriotismo. Aceita os pequenos favores como se fosse esta a ordem natural das coisas.
             Normalmente muitos políticos conseguem também resolver com facilidade seus problemas jurídicos, escapando-se da severidade da justiça (que nestes casos é até muito benevolente), pelo menos enquanto estão no poder. Tudo se arranja em se tratando de compadres, até a impunidade.
             Talvez nem fosse necessário pressões populares como as que estão ocorrendo nestes regimes totalitários, mas o brasileiro precisa aprender a cobrar mais de toda a classe política, precisa protestar mais, se organizar mais e lutar mais por seus direitos constitucionais. Isto faz parte do conceito de cidadania e de ética. Inclusão social, direitos das minorias, meio-ambiente, aperfeiçoamento das leis, combate à pobreza e diminuição das desigualdades, tudo isso faz parte dos princípios da ética moderna e tem que fazer parte da cartilha de reivindicação de todo o brasileiro e em especial a classe estudantil (por onde anda a UNE, que fez história contra a ditadura, e que parece se mancomunou com o governo atual?).
             Dizem que o jovem brasileiro está por demais alienado. Bem distante da realidade do país que necessita de mudanças urgentes em suas instituições decadentes. A sociedade brasileira precisa entrar para o rol do primeiro mundo não somente pela via econômica, mas principalmente pela via cultural. Aprimorando seus costumes, seus hábitos e comportamento. Jovens, vamos melhorar este país?
João Fidélis de Campos Filho- Cirurgião-Dentista
jofideli.blogspot.com    

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Novos Pecados Capitais

Novos Pecados Capitais
                                                                       João Fidélis de Campos Filho
                                      “O homem feliz é o que não tem passado. O maior dos castigos, para o qual só há pior no inferno é a gente recordar” (Rachel de Queiroz)
       
        Não há dúvida que as pessoas que conseguem livrar-se dos erros, fracassos e decepções da vida pregressa vivem mais, pois abortam uma série de doenças psicossomáticas. Se as doenças têm inicio na mente, aqueles que lidam com mais facilidade com os conflitos internos naturalmente constroem uma blindagem contra a maioria delas. Entretanto os indivíduos que tem facilidade para guardar ressentimentos e possuem um elevado nível de vaidade teoricamente estão mais sujeitos a metabolizar estes sentimentos no futuro através de alguma forma de dor. E esta dor acaba vindo de alguma maneira. Nietzsche afirmava que “a memória do ressentido é uma digestão que não termina”. Quem guarda mágoas de alguém tem sempre uma causa mal resolvida a ser sanada e sua realização é se ver vingado pelos acontecimentos futuros. O maior problema do ressentido é que ele invariavelmente acredita que sua infelicidade presente é culpa de outra pessoa, ou de outras pessoas. E alimenta diariamente este sentimento. Mas o pior tipo de ressentido é o que atribui constantemente aos outros a causa de seus erros. “O inferno são os outros”, diz o ditado. O ressentido não sabe amar e não quer amar, mas quer ser amado. Mais que amado, quer ser alimentado, acariciado, acalentado, saciado. Não amar o ressentido é prova de maldade para ele.

        Mas hoje em dia, tão ruim como a mágoa o sentimento de culpa é visto como o oitavo pecado capital. Desde os primórdios o homem cultiva uma culpa que usualmente ceifa muitas das suas possibilidades de realização como ser porque sacrifica o presente em função de um futuro incerto. Voltando ao filosofo alemão Friedrich Nietsche as religiões empurram o ser humano para niilismo contraditoriamente, pois lhe incutem uma culpa perpetua pelos pecados e o transforma refém de um suposto paraíso ou inferno. Numa brilhante passagem do seu livro “Operação Cavalo de Tróia”, o escritor espanhol J.J Benitez diz: “Na realidade, creio que nenhuma igreja tem futuro, por um motivo: elas são meras etapas na vida dos seres humanos. Por milhares de anos a humanidade adorou o raio, sol, a lua, e isso passou. Agora estamos na etapa do dogma, em que as igrejas oferecem a salvação eterna, mas isso também vai passar. Um dia o homem chegará ao sagrado por si mesmo. Será o lindo experimento da busca pessoal”.
        Já há outros que pensam que o oitavo pecado capital, além da luxúria, gula, avareza, ira, soberba, preguiça e inveja, definidos pelo papa Gregório I, é a idolatria. O homem se acostumou a criar heróis e santos para suprir suas deficiências e, longe do aspecto sadio de enxergá-los apenas como exemplos a serem perseguidos os vêem como seres com poderes sobrenaturais. A sociedade moderna não se desvencilhou ainda dos falsos deuses por isso continua a mitificá-los de maneira errônea e supersticiosa. Aproveitando-se disso surgem falsos pastores a guiá-los nesta direção diariamente. Tornou-se um negocio lucrativo, pois a religiosidade é parte da natureza humana e é fácil despertá-la com promessas vis.
        Há também quem pense que o oitavo pecado capital é a corrupção. E se for verdade é um dos pecados mais praticados na atualidade, porque está inserido na vida pública de todas as nações do planeta em maior ou menor intensidade dependendo do nível cultural da população. O Brasil infelizmente ocupa posição de destaque entre os países mais corruptos e a ascensão a um cargo público quase sempre está associado ao enriquecimento ilícito. Há muitas cidades na Alemanha em que o prefeito e os vereadores recebem salários simbólicos ou nenhum salário, pois é um prestigio para eles servir à comunidade a que pertencem.
        Dizem alguns que a mentira ocupa posição de destaque entre os pecados humanos portanto seria o oitavo pecado esquecido por Gregório I. A mentira está associada à traição e quem se sente enganado pela inverdade propalada por outrem sempre contabiliza dissabores ou prejuízos materiais. A mentira gera a desconfiança e abala a credibilidade das instituições que dela se utilizam para atingir seus fins. Mentir é um vício perigoso e quem se habitua a ele constrói para si um mundo irreal. E passa a viver neste mundo ficcional como principal artífice. Dessa forma a mentira pode ser também considerada como mais um pecado capital.
        Nesta época que se fala tanto em consumismo o individuo perdulário também pode ser considerado mais um pecador? O perdulário causa muitos prejuízos a si, aos que o rodeiam e às vezes aos que nele confiam. Gastar mais do que se tem é como se apropriar do trabalho alheio sendo dessa forma mais um pecado que poderia ser adicionado aos já existentes.
        Pelo exposto a lista de pecados capitais precisa ser atualizada. Poderiam ser incluídos muitos crimes praticados pelo homem contra seu semelhante e que ocupam os inquéritos policias. Não se esquecendo dos modernos crimes cibernéticos, como disseminar vírus e retirar dinheiro de correntistas de bancos. Sendo assim o pecado está mais ligado à escolha (bem ou mal) do que propriamente ao ato. Escolher o mal seria sempre o pecado não importando se seria o oitavo ou o décimo terceiro pecado capital... A propósito a fofoca não é mais um dos pecados capitais?
João Fidelis de Campos Filho- cirurgião-dentista.