domingo, 26 de dezembro de 2010

Dura é a Lei

            Os tribunais não julgam os princípios éticos de uma determinada causa, apenas a lei! Mas será que esta afirmativa é verdadeira? No exato momento que o dono do site Wikileaks, Julian Assange, foi mantido preso por uma artificial acusação, apenas pelo impacto político, por ter divulgado documentos secretos de vários países, um velho conhecido da justiça brasileira e do mundo, Paulo Maluf, consegue reverter no Tribunal de Justiça de São Paulo a impugnação de sua eleição à Câmara de Deputados Federal. Eleito com quase 500 mil votos Maluf se tornou um expert em se livrar dos inúmeros processos que amealhou na vida pública. Deve ter uma boa equipe de advogados.   
            Assange se tornou um perigo para a segurança de muitos países, que se vêem ameaçados com sua liberdade e a divulgação das muitas tramóias do jogo político internacional. Neste caso os juízes agiram com cautela a despeito dos princípios legais.
            Maluf acusado no escândalo “Frangogate”, ao contrario de Assange se safou. O Frangogate foi a compra de frangos para a escolas do município de São Paulo de duas empresas, a Obelisco e Ad´Oro , ambas pertencentes à filha e à mulher de Maluf, no período em que ele era prefeito por um valor superfaturado. Para o desembargador Nogueira Diefenthäler, "em que pese o grande esforço do Ministério Público não emerge dos autos a concretização de atos de improbidade administrativa. Forçosa a conclusão de que não houve a propalada mancomunação."
            Assange e Maluf mostram duas faces da justiça, o primeiro foi preso por uma acusação banal, apenas para intimidá-lo ou para tirá-lo de circulação e evitar que divulgue os documentos confidenciais e vexatórios de nações que tomam decisões passando por cima dos valores éticos e morais. O segundo comprova a teoria de que neste país não existe ficha suja para quem tem muito dinheiro para enfrentar os processos em que são envolvidos. De acordo com um promotor público que atua no caso Frangogate "Condenar o Paulo Maluf é mais difícil do que escalar o monte Everest".
            Julgar alguém tendo como base o bom senso pode ser uma acertada alternativa principalmente quando o réu é uma ameaça à sociedade. È o caso, por exemplo, de certos psicopatas que se forem soltos, depois de cumprirem a pena, poderão cometer novos crimes. O assassino de John Lennon, Mark Chapman, teve negado seu pedido de liberdade por questão de segurança e continua preso. Em relação aos crimes de colarinho branco no Brasil ninguém acaba condenado depois de ser acusado. Mesmo depois de dar enormes prejuízos à sociedade. Com a Lei da Ficha Limpa esperava-se uma moralização da política brasileira, mas pelo que se vê nos julgamentos dos tribunais, nos meandros da lei, nos recursos e nas subjetividades interpretativas a maioria continuará impune.
            A lei continua sendo um instrumento punitivo apenas para os pobres e oprimidos do nosso sistema capitalista. Se não houver mudanças no código penal os poderosos e os mais abastados sempre estarão acima dela. “Dura Lex, sed lex” (a lei é dura, mas é a lei).

Mitologia e Espírito Natalino

           Um simpático velhinho que viaja num trenó puxado por renas velozes tem a missão de distribuir presentes a todas as crianças do planeta. Na noite de natal ele entra invisível pela chaminé (nas casas com lareira) ou pelo buraco da fechadura, e coloca os presentes debaixo da árvore enfeitada ou os põe nos sapatinhos das crianças.
                Esta lenda se situa no imaginário de muitos pequeninos, mas no fundo e de maneira inconsciente reflete o espírito de fraternidade e comunhão diante do acontecimento mais importante do natal que é o nascimento de Jesus Cristo. Ninguém sabe a data exata ou o dia, mas convencionou-se o 25 de dezembro e a partir daí a história da humanidade recebeu esta demarcação: o ante e o depois do nascimento do Cristo.
                Papai Noel, o alegre personagem que atrai as crianças, distribui guloseimas e ouve pacientemente seus pedidos, está em milhares de pontos de vendas e lojas comerciais, pois seu principal objetivo é estimular o consumo. Virou nesta época uma importante peça de marketing econômico. E tem gente que pensa que o natal é isso mesmo: período de compras e de comer/beber em demasia. Esquecem até o que estão comemorando...
                Bem, mas o lado bom do natal é o chamado espírito natalino. Fachadas, árvores e painéis são decorados com luzes multicores e de brilho intenso. Pessoas trocam cumprimentos e sorrisos, se confraternizando e desejando boas festas. O natal envolve a todos, aproxima os bens e os mal aventurados, e cria uma atmosfera muito positiva e otimista.
                Como seria benéfico se este fenômeno se repetisse mais e mais vezes durante o ano! O sentimento de compaixão com os fracos, oprimidos e mais pobres. A caridade que emerge com mais fluidez dos corações humanos colocando-os frente a frente com a mais pura das verdades : somos todos da mesma espécie, temos uma única origem e precisamos aprender mais a compartilhar...
                Não importa o aspecto mítico da vinda de um messias, enviado dos céus para libertar o povo judeu do domínio romano. Não importa que os gentios judeus tenham copiado a lenda do Deus sol egípcio Hórus para atrair mais adeptos. Hórus nasceu de uma virgem chama ìsis-Meris, no dia 25 de dezembro e seu nascimento foi indicado por uma estrela e esta estrela foi seguida por 3 reis que procuravam o enviado ou o salvador. Como Cristo, Hórus manifestou sua prodigalidade aos 12 anos e quando completou 30 anos foi batizado por Anup. Tinha 12 apóstolos que o acompanhava e iniciou, bem antes que Jesus a temporada dos milagres curando os enfermos e andando sobre a água.A semelhança não para por aí, Hórus também foi traído (por Tifão), crucificado, enterrado e ressuscitou no terceiro dia. Esta história mitológica espalhou para outras culturas como o deus Attis , na Frigia, Krishna, na India, Dionísio na Grécia, Mitra na Pérsia. Todos foram enviados para salvar os seus povos, nasceram de uma virgem, tiveram discípulos, fizeram milagres, etc. É interessante que quase todas estas histórias foram contadas antes da vinda de Jesus.
                O que importa é que o espírito natalino permaneça na mente dos homens e que a moral cristã seja um farol a guiar os atos de cada um. Que Deus que está eqüidistante das ideologias religiosas ampare a todos neste ano que começa. Feliz 2011 a todos.