quarta-feira, 27 de julho de 2016

Controle das Emoções
                                      João Fidélis
         O leitor deve ter notado que existem milhares de definições de vida, umas simples outras mais profundas, contudo hoje vou utilizar uma que particularmente tenho muita afinidade: vida é tudo aquilo que nos desperta os bons sentimentos guardados na alma. Esta definição esconde alguns princípios que podem passar despercebidos a uma análise menos acurada, mas que tentarei explicitar.
       Este contato que temos com o mundo, esta interação com as pessoas com que convivemos, provoca reações agradáveis ou desagradáveis em nossa mente, justamente porque a cada momento elas nos atingem e, atualmente, com mais intensidade, quantidade e multiplicidade de variantes. Ampliou-se muito nos tempos modernos os interesses e os focos de atenção da civilização atual, e a tal integração mundial obriga as pessoas a estarem conectadas para estarem inseridas socialmente. Por isso é sempre prudente reduzir, ou de certa forma selecionar as influências que se recebe das pessoas e do mundo, porque o stress ou as emoções mal digeridas causam prejuízos não só à mente, mas também ao corpo.
       Tem gente que confunde este escudo que deveríamos criar para nos livrar das más influências com a insensibilidade. Isto é uma inverdade. “Livrai-vos do mal que eu o ajudarei”, não é este um bom preceito cristão? Quando as pessoas imaginam ou criam muitas pré-condições para seu bem estar, ou então cruzam as fronteiras das perigosas tentações terrenas, ou mesmo quando desesperam diante dos infortúnios que surgem por obra do acaso ou dos desígnios divinos, elas mesmo que inconscientemente, acabam construindo barreiras à sua liberdade como ser do mundo. Tornam-se prisioneiras de si mesma e reféns do sistema, que lhes retira a individualidade natural. E isto é difícil de ser evitado.
Grosso modo só os que têm pacto com as forças da natureza, os videntes, ou os que pensam que Deus tem um plano definido para cada ser humano, têm uma visão mais especulativa ou têm teorias místicas para explicar a sorte ou condição de cada um. Felizmente nestes dois últimos séculos o conhecimento tem seguido uma trajetória totalmente realista e desmistificadora. O resurgimento do existencialismo, a título de exemplo, foi como um acordar de um mundo que aprendeu a desconfiar destas doutrinas fabricadas para dominar as mentes.
Pelo que foi demonstrado não é fácil “despertar os bons sentimentos da alma”, pois esta definição de viver depreende também não se deixar conduzir pelas falsas ideologias que ainda dominam os corações e mentes. No entanto tendo-se a convicção que a humanidade segue seu curso a nível coletivo, devemos crer que existe uma necessidade no espaço e no tempo que faz com as coisas que acontecem exatamente como são. Parece até um raciocínio determinista, mas ao mesmo tempo isto é um consolo para os crentes e os não crentes; o mundo avança e somos coadjuvantes de um processo que ninguém sabe como começou ou quando vai acabar, ou se teve  realmente um começo ou se terá um final.
Assim deveríamos trabalhar mais nossa mente para viver as boas emoções que a vida oferece, evitando sem amarras doutrinarias tudo o que for pernicioso ou faça eclodir emoções negativas. Nossa vida são estes pequenos momentos, estes prazeres efêmeros (que jamais aceitamos que o sejam porque nosso inconsciente é vigilante) e que se tornam apenas páginas esquecidas em nossa memória. Pode parecer realista demais, mas é o que mais se aproxima da verdade. Geneticamente nenhum ser vivo foi feito para aceitar passivamente a finitude.

jofideli@hotmail.com

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